quarta-feira, 17 de outubro de 2018

INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA X INVESTIMENTO EM FORMAÇÃO



Ao longo dos mais de 20 anos de trabalho no varejo de supermercados, tenho visto as empresas investirem cada vez mais em tecnologia. Existem recursos tecnológicos para quase todas as funções dentro de uma loja ou de uma central de distribuição.

Quando eu comecei a trabalhar no varejo, que foi com material de construção, trabalhávamos com fichas Kardex para controlar os estoques. Nos supermercados e na maioria dos varejistas, os preços eram colocados nos produtos com maquinas de etiquetas.

Saudosismo a parte, havia um foco maior na formação dos colaboradores, o que em contrapartida, gerava uma qualidade maior do nível de serviço prestado, sem que se falasse nada ou quase nada sobre o uso da tecnologia no setor naquela época.

Ao longo do tempo, novas demandas foram surgindo, o investimento na formação de colaboradores foi sendo reduzido e novas tecnologias apareceram para cortar custos e maximizar os lucros. De fato, as novas tecnologias são ferramentas muito uteis e necessárias as operações de uma loja e da logística. A questão, não menos importante, é a descontinuidade da formação dos usuários que vão fazer uso dessas novas tecnologias, e principalmente atender nossos clientes nas lojas.

Falando um pouco da realidade que pude presenciar ao longo da minha carreira, principalmente o setor supermercadista evitava de realizar muito treinamento dos colaboradores, para não acabar formando colaboradores “para os concorrentes”. Alguém pode pensar que se trata de uma sandice, de uma afirmativa descabida, mas quem atuou neste setor na época das Casas Sendas no Rio de Janeiro, por exemplo, sabe que era comum as Sendas formar colaboradores e esses receberem propostas de trabalho, às vezes mais atraentes, de seus concorrentes. As Casas Sendas foram conhecidas, no Rio de Janeiro, como uma grande escola de formação profissional para o setor de supermercados.

Dito isso, percebemos atualmente uma carência de qualificação / formação da mão-de-obra e um turn-over crescente, principalmente entre os colaboradores das atividades de base desse setor.  O custo disso para os empresários do setor vai além de pagar indenizações trabalhistas.

Ao meu ver, as empresas muitas vezes têm dificuldade de colocar em prática importantes estratégias comerciais, por conta desses dois movimentos. Nesse sentido, manter os colaboradores na empresa, garante um bom nível de serviço e apoia operacionalmente as estratégias da empresa e não menos importante, reduz custos com o turn-over.

Investir em tecnologia certamente deve continuar a fazer parte da estratégia de crescimento das empresas. 
Mas, investir na qualificação dos colaboradores, deve voltar a ser cada vez mais, uma meta nas agendas dos diretores e gerentes operacionais das empresas supermercadistas.

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