segunda-feira, 13 de agosto de 2012

SAIBA COMO CUIDAR DO DINHEIRO DE SUA EMPRESA PARA QUE ELA CRESÇA SEMPRE


Saiba quais são as melhores alternativas de investimento no mercado e as melhores fontes de obtenção de recursos para expandir seu empreendimento. Mas, sobretudo, saiba o que é essencial para gerir as finanças de sua empresa da forma mais eficiente possível em boas mãos

Ganhar dinheiro é fundamental, mas se você não souber cuidar do que ganha é como se não tivesse ganhado. "Dinheiro não aceita desaforo", diz o proprietário da empresa de consultoria e gestão interina Strategos, Telmo Shoeler. Em outras palavras, quem administra uma empresa na pura "tentativa, erro e acerto" corre sérios riscos de não ter chance de chegar ao acerto.

Por isso, a boa administração financeira, profissionalizada e integrada aos demais setores da empresa, sobretudo o operacional, é essencial à sustentabilidade e ao sucesso da sua empresa.

Para ajudá-lo a acertar, SuperHiper conversou com consultores especializados em gestão financeira, que trazem nesta reportagem orientações para a adoção de medidas básicas de gestão financeira; dicas de investimentos financeiros para encorpar os rendimentos já obtidos operacionalmente; dicas de obtenção de recursos, com os menores custos do mercado, para investir em sua operação, e um case que ilustrará boa parte dos temas tratados.

Giro de estoque

Quando se fala em gestão financeira eficaz em varejo, não há como negligenciar um aspecto da operação: o giro de estoque. "O erro mais comum na gestão financeira tem sua matriz na gestão operacional. Se o giro de estoque não é controlado e administrado seu impacto na gestão operacional e financeira [fluxo de caixa] tende a ser bem negativo", diz o diretor-executivo interino da rede gaúcha Peruzzo, Rafael Gomes, que também é consultor da Strategos.

Gomes realiza na rede um trabalho com duração de dois anos (que está em seu quarto mês) com o propósito de profissionalizar a gestão da empresa, principalmente por causa de sua rápida expansão nos últimos anos. O Peruzzo tem apenas 17 anos de história, mas já conta com 23 lojas, das quais três foram adquiridas neste mês, e está presente em mais de oito municípios do interior do Rio Grande do Sul. O consultor do Sebrae-SP, Salvador Serrato, conta que é normal empresas que mudam de porte rapidamente enfrentarem dificuldades administrativas: "muda o porte da empresa, não a mentalidade do gestor".

No caso do Peruzzo, um dos maiores desafios é corrigir o descasamento do fluxo de caixa. "O varejista vive da compra a prazo e da venda à vista. Ele precisa vender a mercadoria antes de ter de pagar por ela." Do contrário, terá de tirar de reservas que porventura tenha ou encontrar outras maneiras (como tomar empréstimos de bancos), o que não é vantajoso.


Em resumo, a finalidade da administração de estoque é girá-lo o mais rapidamente possível, sem deixar que a mercadoria falte. O administrador financeiro tende a atuar como um assessor nessa operação, sem exercer controle direto, mas auxiliando na administração dele. Quanto antes o varejista vender, ou seja, quanto mais rápido for o giro de estoque, por mais tempo ele terá o dinheiro para fazer o que julgar mais apropriado. O princípio do "prazo médio de rotação do estoque" é simples na teoria, mas nem sempre o é na prática. Cada empresa tem suas peculiaridades, suas condições de negociação com os fornecedores, etc.


Para corrigir o "descasamento" no Peruzzo, Gomes centraliza os esforços em duas frentes: alongamento dos prazos dos fornecedores e diminuição do giro de estoque. "Até o fim de 2012 teremos equacionado este problema. As conversas com os fornecedores vão muito bem e eles se mostram receptivos, porque essas ações transmitem confiança aos parceiros, mostram que a ideia é estabelecer vínculos comerciais mais profissionalizados, com contratos de longo prazo em que ambos ganharão e, por outro lado, mostra que a companhia se dedica a aprimorar a operação, tornando-a mais eficiente, com o que todos ganham."



Gomes diz que a ideia é romper com uma cultura comercial de compra por oportunidade, especulativa, para estabelecer um vínculo de sólida e duradoura parceria com os fornecedores. "As medidas [alongamento dos prazos e diminuição do giro de estoque] que estamos colocando em prática nos possibilitarão reduzir entre 1,5% e 2% os custos financeiros da empresa."

"CPI"

Um fluxo de caixa bem "casadinho" passa por três palavrinhas: controle, planejamento e integração (CPI). Em primeiro lugar é preciso saber quanto se vende e em quanto tempo se vende certo produto, o que se descobre por meio de consulta ao histórico de vendas: controle. Depois dessa verificação, deve-se comprar, avaliando as condições operacionais, de modo que o abastecimento seja o sufi ciente para não dar ruptura nem sobra que prejudique o ciclo financeiro (planejamento). Isso tudo pressupõe integração entre o departamento de compras, o centro de distribuição, as lojas e o financeiro.

Controle, mais planejamento, mais integração não se restringe ao fluxo de caixa, mas o exemplo é bem válido para ilustrar sua importância. Como se vê, só é possível planejar quando se tem controle e só é possível pôr um plano em prática com sucesso quando, de fato, há integração. "Os erros mais comuns em gestão financeira são os mesmos em grandes, médias e pequenas empresas: falta de planejamento, falta de controle de fluxo de caixa e administrações amadoras", diz Schoeler. A gestão amadora é fruto da ausência de profissionais especializados, que saibam fazer o controle, elaborar planos em cima dos números obtidos e integrar os departamentos para realizá-los.

"O departamento financeiro é o eixo da operação comercial; é o integrador, porque tem acesso a todos os dados. Precisa visualizar os erros cometidos e orientar para a correção, além de cumprir papel crucial no estabelecimento de planos para a geração de reservas financeiras que garantirão a empresa nos momentos de crise conjuntural", diz o professor BBS Business School, Ricardo Torres.

As questões conjunturais, a que se refere Torres, são mais importantes do que se imagina. "É importante saber a hora de guardar dinheiro e a hora de investir. Geralmente, os melhores períodos para acumular reservas são os de bonança, porque ao chegar a ‘tempestade', sua empresa estará preparada para superá-la e aproveitar as oportunidades que surgirão." Esse também é um atributo do gestor financeiro. "Sun Tzu escreveu em a Arte da Guerra que em períodos de paz devemos nos preparar para a guerra e, em períodos de guerra devemos nos preparar para a paz. Essa regrinha vale para a gestão financeira."

Embora as medidas no Peruzzo tenham a função de corrigir desajustes decorrentes de um crescimento rápido no passado recente, cumprem também o papel de preparar a empresa para um plano de expansão. "Além da aquisição que acabamos de fazer, vamos inaugurar mais uma loja ainda neste ano, na cidade de Bagé [onde fica a sede da empresa]", explica Gomes. Para que esse crescimento previsto não venha acompanhado de indesejado prejuízo das reservas financeiras e de ineficaz fluxo de caixa, a empresa já toma as providências necessárias.

Veículo: Revista SuperHiper julho de 2012

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