sábado, 21 de janeiro de 2012

APAGÃO DE LÍDERES

Pesquisa revela que 71% das empresas reclamam da falta de líderes para sustentar suas estratégias de crescimento. Mas esse cenário pode mudar. Depende de você.
Responda rápido: sua empresa conta com líderes qualificados para garantir o crescimento sustentável nos próximos anos? Se você identificou mentalmente apenas um profissional ou, quem sabe, nenhum, saiba que não está sozinho. É o que aponta a pesquisa Sonhos e Pesadelos dos Líderes Empresariais, realizada pelas consultorias Empreenda e HSM. Segundo o levantamento, 71% dos 687 executivos entrevistados acreditam que não contam com líderes suficientes para sustentar as suas estratégias nos próximos anos. No estudo anterior, realizado em 2009, o percentual era de 63%. "É fundamental desenvolver lideranças em todos os níveis, para que as empresas tenham a longevidade com a qual sonham", explica César Souza, presidente da Empreenda e autor do livro Cartas a um Jovem Líder – Descubra o Líder que Existe em Você.
Uma das razões para a escassez é a dificuldade de formar líderes. Segundo Souza, desenvolver um gestor exige três a cinco anos de dedicação. "As atuais lideranças ainda não entenderam que faz parte de suas responsabilidades identificar, desenvolver e engajar novos líderes. Ainda é comum delegar essa tarefa à área de RH ou a consultores externos", ressalta. Para o especialista, o processo correto deve começar com um gestor comprometido com o desenvolvimento de seus liderados. Ou seja: se a lição de casa não for feita, o apagão de lideranças qualificadas poderá se agravar ainda mais.
Ciente desse problema, o Hay Group, especializado em gestão de negócios, realizou pesquisa global para identificar o perfil dos líderes até 2030. Os dados revelam que as mudanças serão grandes e as empresas têm muito o que fazer.
  DOS FLINTSTONES AOS JETSONSQuem não se lembra dos desenhos Flintstones e Jetsons, dos anos 1960?
As  diferenças entre as famílias - uma da idade da pedra e outra do futuro - se aplicam aos estilos de liderança:
LÍDER FLINTSTONES
 LÍDER JETSONS
 Concentra-se apenas na cobrança de metas
 Constrói causas com suas equipes
Forma seguidores
Forma outros líderes
Inspira por carisma ou pela hierarquia
Inspira pelos valores e atitudes
Foca a parte técnica
Investe na criatividade, inovação e determinação
É autoritário
Influencia os demais profissionais
Não demonstra emoção
Demonstra emoção
Seu ambiente não muda
Adapta-se às mudanças do ambiente
Tem preconceito contra diferenças culturais
Respeita as diferenças culturais
É rígido
É flexível
Arrogante
É humilde
Segue com rigor a hierarquia
Apresenta autoconhecimento
Não tem autoconhecimento
É receptivo às novas ideias


Líder do futuro
Segundo o estudo do Hay Group, as principais habilidades e competências do líder do futuro são: ser multilíngue, flexível, internacional, adaptável e altamente colaborativo, além de ter pensamento estratégico, maturidade emocional e inteligência social. Para obter sucesso, ele também deve ser mais um influenciador da equipe, do que um líder autoritário. "Essa é uma recomendação antiga, mas poucos agem assim. Para isso, o líder precisa ter autoconhecimento, maturidade e humildade para aprender. Ele deve conhecer muito bem a si mesmo e aos outros. Não basta ter conhecimento técnico e só focar resultados", afirma Caroline Marcon, gerente de desenvolvimento de negócios do Hay Group. Para ela, essa é a principal lacuna na formação de líderes. "Maturidade emocional (com ele mesmo) e inteligência social, ou seja, bom relacionamento com os outros, serão essenciais no novo contexto", completa.
E, ao contrário do que se imagina, essas características não dependem de idade. O importante é saber o que é preciso mudar para criar uma verdadeira relação de confiabilidade com os demais profissionais. "Confiança não se impõe, se conquista com humildade", resume Caroline.
PRINCIPAIS DESAFIOS ATÉ 2030
Quem tem o objetivo de se tornar um verdadeiro líder deve saber que ser capaz tecnicamente não basta. Bom desempenho comportamental é cada vez mais valorizado.
Saber trabalhar com profissionais de lugares diferentes e ter disponibilidade de estar  geograficamente em outros países. É necessário aprender a conviver com a diversidade, sem preconceitos.
Lidar com as novas ferramentas tecnológicas, como as diferentes redes sociais, comunicar-se  com pessoas de uma maneira não tradicional
Entender o que é importante para o outro, ser flexível e trocar o autoritarismo por um olhar coletivo


DICAS PARA DESENVOLVER UM LÍDER DE PRIMEIRA
Em um país com déficit educacional, como o Brasil, as empresas devem ter um plano próprio  para formar profissionais com perfil de liderança
Realizar feedback 360 graus, que permite ao profissional ser avaliado tanto por seus pares e  gestores, como pelos próprios integrantes da equipe
Retornos constantes e não apenas durante avaliação de desempenho. O líder precisa estar  sempre refletindo sobre seus pontos fortes e fracos
Coaching interno ou de uma empresa de fora. O líder precisa ser acompanhado e orientado para  desenvolver suas potencialidades e reduzir falhas
Programação de treinamentos para prepará-lo em áreas que ainda não domina


Executivos brasileiros
Para ela, em alguns países os profissionais são mais integrados à tecnologia, característica importante quando se fala em liderança. Já no Brasil, os executivos se adaptam facilmente a mudanças. "O líder brasileiro é mais flexível do que os europeus e norte-americanos", pontua.
Embora o brasileiro apresente aptidão para se adequar ao perfil traçado pelo Hay Group, ainda existe no País uma lacuna educacional. Para a executiva, o contato com a tecnologia, por exemplo, está associado ao acesso à educação. Ou seja, é preciso investir pesado na formação para o líder do futuro deslanchar. "Nesse aspecto, ficamos isolados do resto do mundo. Quantas pessoas conseguem viajar e ter contatos com outras culturas, só para citar um fator?", indaga Caroline.
Por isso, as empresas precisam investir na formação dos profissionais com potencial para liderar no futuro. Afinal, talentos não podem ser desperdiçados. Pense nisso.

Por Adriana Silvestrini - 16/01/2012

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